domingo, 25 de dezembro de 2016

O NOVO PROGGRAMA DA RTP3 “TUDO É ECONOMIA” E A PARÁBOLA DO FAMILIAR DOENTE


O NOVO PROGGRAMA DA RTP3 “TUDO É ECONOMIA” E A PARÁBOLA DO FAMILIAR DOENTE

Depois de ver a 1ª apresentação deste novo programa da RT3, que veio substituir, creio, o programa do Sr. Peres Metelo “Os Números do Dinheiro” onde, aliás, se aprendia alguma coisa, dei-me conta a formular mentalmente a seguinte parábola :

Numa dada família, um dos familiares adoeceu com uma doença difícil de tratar. O chefe de família procurou por todos os meios recuperar o doente e para isso teve de pedir dinheiro emprestado. Começou por procurar aqueles que habitualmente emprestavam dinheiro, mas estes, farejando desgraça e sabendo que a família não era de grandes bens, fizeram-se rogados e propuseram juros incomportáveis. O chefe de família voltou-se para umas pessoas que julgava amigas e pediu auxílio. Estas, com uma sobranceria indesculpável responderam que estavam dispostas a ajudar mas que exigiam sacrifícios.                                                                                                                          - Quais são os sacrifícios? - perguntou o desesperado chefe de família.                              –Bem – responderam-lhe – tens de saír da tua casa, alugá-la de preferência a estrangeiros e ir viver para um andar modesto, pobrezinho. Claro que o dinheiro das rendas será para pagar as dívidas. Depois terás de deixar de comer sobremesa às refeições, pois a tua vida não dá para essas estravagâncias. Em seguida terás de passar a trabalhar de sol a sol e nunca refilares com o teu patrão, para evitar que ele te despeça. E ainda…                                                                                                                          - -Tudo isso ? Eu pensava que podia contar com a vossa amizade! – lamentou-se o infeliz suplicante .                                                                                                                                       – Ora, ora ! Conheces o ditado popular “ amigos, amigos, negócio à parte ? Pois é o que se está a passar !- foi a resposta – Tens muita sorte pois os juros que propomos são mais baixos que os dos agiotas. É pegar ou largar!                                                                                       O chefe de família engoliu em seco  e com a aprovação tácita dos vizinhos invejosos, lá aceitou as condições e pôde tratar do familiar doente. Este ficou fraquinho, fraquinho, mas ainda está vivo. A família, é claro, vive com imensas dificuldades para pagar os juros e o capital do empréstimo.

Correlação com a vida real :

Família – Portugal

Familiar doente – portugueses pobres e desempregados vítimas da crise financeira

Chefe de família – 1º M José Sócrates

Emprestadores habituais – bancos estrangeiros e especuladores internacionais

Pessoas julgadas amigas – a União Europeia

A tua casa – as empresas públicas rentáveis

Vizinhos invejosos : PSD e CDS

 

Mas que relação tem essa parábola com o programa da RTP3 ?

Não muita, mas alguma : no programa o defensor dos portugueses pobres, dos reformados e dos desempregados foi o Prof. Ricardo Paes Mamede ; o opositor aos gastos com o “doente”, porque não se pode “gastar mais do que se tem”,  e defensor dos credores, foi o Sr. Vitor Bento.

Donde tirei as seguintes conclusões : o Sr. Ricardo Paes Mamede é primeiramente um humanista e depois um economista ; e o Sr. Vitor Bento não é mais que  um reputado economista.

Nota: o contraditório foi muito interessante e valeu a pena ver o programa. Esperemos que os seguintes mantenham o nível

 

Lisboa, 18 de Dezembro de 2016

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

INVESTIMENTO PRIVADOS E ÓPERA



POUCO INVESTIMENTO POR PARTE DE PRIVADOS

É um facto que Portugal necessita de mais investimento produtivo ( não de investimento especulativo ). Sectores ligados à direita dizem que a falta de investimento por parte de privados se deve ao alto(?) valor do IRC, aos salários elevados (?) dos trabalhadores, etc.
Na realidade, um investidor só investe num negócio novo se houver quem compre o que vai produzir, ou seja se houver procura. Ora o problema do nosso País é que devido aos baixos rendimentos da generalidade da população a PROCURA É MUITO REDUZIDA. .O esforço do Governo para aumentar rendimentos ainda não foi suficiente para um relançamento significativo do investimento.

( Comentário publicado no meu portal do Facebook em 3 de Novembro de 2016 ).

 

Acrescentando mais alguma coisa ao tema, pergunto :de que serve uma empresa pagar 0% de IRC e, por hipótese também, 0% de salários se não tiver a quem vender os seus bens e serviços? É evidente que nenhuma empreendedor irá investir o seu dinheiro nestas circunstâncias    ( a não ser que tenha uma bola de cristal de confiança que lhe diga que daqui a X tempo vai haver uma grande procura…).

A política de incentivos fiscais já existe para quem se estabelecer de novo .É uma prática corrente para circunstâncias bem definidas. Quanto a garantir salários baixos ou trabalho sem direitos é algo que qualquer pessoa medianamente civilizada deve repudiar com veemência. Para conseguir produtos ou serviços a preços competitivos, é necessário instalar equipamento do melhor estado da arte, organizar eficientemente os serviços, treinar adequadamente pessoal capaz e oferecer alguma coisa que as pessoas possam e queiram comprar E os serviços necessários ( energia, água, tratamento de efluentes ) devem ter custos não influenciados por rendas, ou outras alcavalas, injustificáveis.

Gostaria de indicar sectores onde valesse apena fazer investimentos, mas para alem do turismo ( o que toda a gente sabe ), não tenho conhecimentos dos mercados para o fazer. Porem, talvez possa dizer que para espectáculos de ópera há mais procura que oferta. De facto as sessões no S. Carlos esgotam quase sempre. A temporada lírica apresenta apenas 6 óperas. Haverá aqui espaço para empreendedorismo cultural ?                  Quando era jovem, havia a temporada de ópera do S. Carlos e a do Coliseu dos Recreios  ( esta um empreendimento privado ) ! . E nessa altura os rendimentos médios das pessoas eram mais baixos, a área metropolitana de Lisboa era menos povoada e as pessoas dispunham de muito menos transporte individual. Há por aí algum empresário privado para investir em espectáculos de ópera ? É que a ópera também tem música e canto !...

 

.16 de Novembro de 2016

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

PREOCUPAÇÕES COM O C.E.T.A

PREOCUPAÇÕES COM O C.E.T.A.

O CETA ( Comprehensive Economic and Trade Agreement ), para os menos atentos aos negócios internacionais, é um tratado de comércio e investimentos entre a União Europeia e o Canadá cujo texto foi há dias assinado pelos negociadores, mas que ainda carece de ratificação pelos Parlamentos nacionais da UE, para entrar em vigor. Esteve recentemente na crista da onda de notícias porque o parlamento regional da Valónia, na Bélgica, esteve muito renitente a dar o seu acordo ao texto proposto. Não foram divulgadas na imprensa portuguesa quais as razões dos valões, mas soube-se que ao fim de muitas pressões ( talvez do género “se não comes o peixe também não comes a sobremesa e vais para o quarto escuro”) os belgas regionais renderam-se.
Não sei se em Portugal alguém, para lá dos que têm obrigação de o fazer, já leu o texto completo do Acordo. Pode ser visto, por exemplo, num sítio da internet chamado “CETA General Draft”. Está escrito em inglês e consta de 1598 páginas. Para alem do Governo e das Oposições, penso que os chamados Parceiros Sociais, os comentadores dos meios de comunicação social, os economistas, os juristas com interesse na matéria, os constitucionalistas o deveriam ler, para poderem dar um contributo de ideias antes da ratificação pela Assembleia da República.
Com a atenção despertada por artigo do Sr. Reiner Hoffmann, Presidente da Confederação dos Sindicatos Alemães, DGB, que apareceu publicado no sítio da internet SOCIAL EUROPE, fui ler o que se diz no CETA sobre Investimentos. O assunto é tratado no Capítulo 8 e vou referir-me apenas ao que mais me saltou à vista, sem pretender escabichar pormenores jurídicos
O dito Capítulo 8 mais parece um manual de protecção dos investidores dum dos espaços económicos no outro, sobretudo das empresas multinacionais, das eventuais “arbitrariedades” do governo do país onde vão investir. Como se os investidores privados fossem sempre pessoas de bem e os estados democráticos onde aqueles vão investir fossem pessoas de duvidoso comportamento. Claro que há multinacionais de procedimentos irrepreensíveis e também há governos democráticos que por vezes têm deslises. O que eu quero sublinhar é que não há no articulado do referido capítulo nenhuma referência a faltas de cumprimento de obrigações assumidas pelos investidores, nomeadamente quanto ao valor real do investimento, à criação de postos de trabalho, à duração da actividade no país, à devolução de benefícios recebidos em troca de promessas não cumpridas, etc. E sabemos que isto acontece.
Outro ponto que quero referir é o da resolução de disputas. Está prevista a criação de 2 tribunais, um de 1ª instância e um de Apelo. Para a 1ª instância haverá 5 juristas escolhidos pela EU, 5 juristas escolhidos pelo Canadá e 5 de países terceiros                       ( escolhidos como e de que países ?  Não está dito ). Cada caso será julgado por 3 juízes, 1 de cada grupo. Os juízes do Tribunal de Apelo serão nomeados pelo Comité Conjunto dos 2 Signatários do Acordo. O que a mim me parece extraordinário é que fique estabelecido que só os investidores podem recorrer ao Tribunal de 1ª instância. Os estados não !. Então que deve fazer um estado que se sente prejudicado por um investidor ?  Agradecer atento e venerador e pedir mais ?
Adiante, o texto determina que os Signatários do CETA devem procurar estabelecer um Tribunal Multilateral  com outros países, parceiros comerciais, para resolução disputas sobre investimento e, logo que aquele entre em funcionamento, os tribunais do CETA serão postos de parte. Será isto bom para todos os países da EU, ou ficarão os mais fracos economicamente sujeitos a decisões de pessoas com outras culturas de negócios ?
Também devo referir um aspecto que considero positivo : No sub-parágrafos 8.9.1 e 8.9.2 fica definido que os estados continuam a ter o direito  de regulamentar as suas políticas relativas à protecção da saúde pública, segurança, ambiente, moral pública, protecção dos consumidores e promoção e protecção da diversidade cultural, mesmo que isso represente perda de lucros ou benefícios para o investidor.
Estes meus comentários são muito simples, destinam-se principalmente a agitar um pouco o assunto CETA e a  procurar despertar a atenção para a necessidade da sua discussão. O meu receio é que já seja tarde e que se a Assembleia da República não ratificar o Acordo, Portugal vá para o “quarto escuro “.
Lisboa, 3 de Novembro de 2016


sábado, 22 de outubro de 2016

OS VENCIMENTOS DOS ALTOS DIRIGENTES DA CGD E O IRS

OS VENCIMENTOS DOS ALTOS DIRIGENTES DA CGD E O IRS

Nos últimos dias desenvolveu-se uma animada polémica acerca dos vencimentos dos novos administradores da CGD, argumentando uns que tais vencimentos não devem ser superiores aos do PM e outros que as leis do mercado ( sempre as famosas leis do Deus Mercado ) assim o ditam.
De facto num país com uma economia aberta como o nosso, integrado na estrutura da União Europeia – que é absoluta e decididamente pró mercado – altamente endividado e com uma balança de pagamentos negativa, quer queiramos quer não, pouco se pode fazer para contrariar os ditames do mercado.
( Poderíamos talvez isolarmo-nos, mandar parceiros da EU e os credores internacionais às urtigas, mas como sobreviveríamos se não produzimos nem todos os alimentos nem toda a energia de que necessitamos ? É uma hipótese que nos remeteria para um nível de vida horrivelmente baixo e que geraria abundantes “choros e ranger de dentes”, para usar uma frase bíblica
Portanto temos de ir aguentando, procurando proteger os mais desfavorecidos e  reduzir as desigualdades, até que consigamos pagar as dívidas, produzir todos os alimentos básicos de que necessitamos e ter energia, de origem local, na quantidade suficiente para as nossas necessidades. )

Pelo que ficou dito, se , na realidade, queremos gestores de boa qualidade na CGD, temos de os remunerar competitivamente com os dos bancos privados
Porem ao compararmos os vencimentos desses executivos com o do PM – o executivo de maior responsabilidade do nosso País – não podemos deixar de assinalar que se verifica uma incrível INVERSÃO DE VALORES ! Não me parece que haja qualquer razão matemática, física, fisiológica, moral, lógica, etc para que um administrador dum banco ( ou outro tipo de empresa ) privada em Portugal ganhe mais que o PM.
Já sei o que os leitores vão dizer: os bancos são empresas privadas, o dinheiro que têm é deles e pagam como quiserem aos seus dirigentes ; pelo contrário o PM é pago pelos Portugueses e como Portugal é um País remediado, com baixos rendimentos médios individuais, não pode ou não deve pagar mais ao seu PM.
Este argumento é quase aceitável. De facto o dinheiro que os bancos  ganharam pertence-lhes e podem distribuí-lo como quiserem.                                                                                                            Porem há uma questão que pode pôr: donde veio esse dinheiro?                                                              Dos  serviços ( sempre necessários, pois ninguém vai a um banco para realizar uma actividade de lazer ) vendidos aos Portugueses  - com excepção do dinheiro resultante das exportações.  Portanto parece-me socialmente reprovável pagar a um administrador bancário 40.000 € por mês, ou mais, num país onde o salário mínimo nacional é de 530 € . É quase uma relação de 800 para 1 e sem dúvida um bom contributo para a desigualdade
A única arma que o Governo possui para contrariar esta situação é tornar os escalões do IRS mais progressivos. A título de exemplo, vejam a tabela abaixo que com os meus não-conhecimentos de não-fiscalista me dei ao trabalho de construir.




OS 5 ESCALÕES DO IRS EM 2016










equivalência em salários
Rendimento
taxa aplicável
taxa média
mensais, 14 vezes po ano
até 7035 euros
14,50%

14,50%

502,5 euros

+7035 até 20100
28,50%

23,60%

+502,5 até1435,7 euros
+20100 até 40200
37%

30,30%

+1435,7 até 2871,4 euros
+40200 até 80000
45%

37,65%

+2871,4 até 5714,3 euros
+80000

48%



+ 5714,3 euros










SUGESTÃO PARA NOVOS ESCALÕES DO IRS













Rendimento
taxa aplicável
taxa média



+80000 até 112000
48%

40,70%

+5714,3 até 8000 euros
+112000 até 140000
50%

42,50%

+ 8000 até 10000 euros
+ 140000 até 280000
60%

51,30%

+10000 até 20000 euros
+280000 até 560000
65%

58,00%

+20000 até 40000 euros
+560000

70%



+40000



Haja vontade política – e seja oportuno, como diria o Sr. Presidente da República- para os aplicar


22 de Outubro de 2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

OS NÚMEROS DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS

OS NÚMEROS DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS

O  Sr. João Duque publicou na sua coluna do caderno de Economia do semanário Expresso de 8 de Outubro de 2016 um pequeno artigo sobre as exportações portuguesas
Diz o referido Senhor, comparando as nossas exportações , a preços correntes, de 2015 com as do 1º semestre de 2016, que“ As exportações caem há 5 semestres consecutivos,…” E para abonar a sua afirmação apresenta várias percentagens que, aliás, não coincidem com as do Instituto Nacional de Estatística .

Ora o que se pode ler no Boletim Mensal do Instituto Nacional de Estatística, INE, de Agosto é o seguinte .

Exportações de bens (FOB) e serviços a preços correntes )
1º Trimestre de 2015  : 17.741,5  milhões de €             ( governo psd + cds )
2º  T                      2015 : 18.337,7                                (governo psd + cds )   
3º T                       2015 : 18.032,2                                (governo psd + cds )
4º T                       2015 : 18,241,3                                (governo psd + cds )
1º T                       2016 : 17.878,1                                ( governo socialista )
2ºT                        2016 : 18.049,0                                ( governo socialista )
   
CONCLUSÃO : As exportações a preços correntes aumentaram e diminuíram durante o período considerado. Não me parece que tenham caído durante 5 semestres consecutivos

Passando ao valor das exportações em volume ( preços constantes ), diz  o Sr. João Duque, comparando agora as exportações Portuguesas, em volume, de 2015 com as do 1º semestre de 2016, que, e cito, “ notamos que a sua evolução, apesar de ainda positiva, cai há 5 semestres consecutivos.” E para provar a sua afirmação apresenta várias percentagens ( sem todavia indicar, mais uma vez a sua origem).

Voltando a consultar o mesmo boletim mensal do INE, pode ler-se

Exportações de bens (FOB) e serviços em volume ( preços constantes )
1º Trimestre de 2015  : 17.962,7  milhões de €             ( governo psd + cds )
2º  T                      2015 : 18.484,4                                (governo psd + cds )   
3º T                       2015 : 18.145,6                                 (governo psd + cds )
4º T                       2015 : 18,487,7                                (governo psd + cds )
1º T                       2016 : 18.511,3                                ( governo socialista )
2ºT                        2016 : 18.758,4                                ( governo socialista )

CONCLUSÃO : É evidente que podemos dizer sem mentir que, em volume, as exportações aumentaram sempre entre o 1ºT de 2015 e o 2ºT de 2016, excepto no 3º T de 2015.

Porem o articulista preferiu referir percentagens de variação, cujos valores aliás não coincidem com os do INE, para poder dizer que a “evolução cai” para dar uma ideia negativa aos  leitores incautos sobre o que se passou no 1º semestre do governo socialista.   

É sabido que, em termos gerais, quanto mais alto for o patamar atingido, mais difícil se torna manter os rimos de crescimento, e isso também se passa, por maioria de razões no capítulo das exportação onde o que acontece depende de factores não controláveis.
                                                                                                                                                …
Portanto animemo-nos porque as EXPORTAÇÕES EM VOLUME  CONTINUAM A CRESCER e não justificam as preocupações aeronáutico-pessimistas do artigo do Sr. João Duque .

F. Fonseca Santos
10 OUT 2016


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

OS NÚMEROS DO INVESTIMENTO – DIVERSAS ESCOLHAS POSSÍVEIS

OS NÚMEROS DO INVESTIMENTO – DIVERSAS ESCOLHAS POSSÍVEIS

A comparação dos números relativos ao desempenho da economia em Portugal entre 2º semestre de 2015 e o 1º semestre de 2016, apresentada pelo PM no último debate quinzenal apanharam as oposições de surpresa, provocaram grande agitação sonora no hemiciclo e motivaram o contraditório  dos comentadores de direita com acesso à comunicação social.
Por exemplo, o Sr. João Duque na sua coluna do Expresso Económico de 1 OUT2016 apresentou números, sobre o investimento, que não são comparáveis com os do Sr. António Costa, mas que mostrariam que o investimento em Portugal diminuiu no 1º semestre de 2016 ( governo do partido socialista ) em comparação com o 2º semestre 2015 ( governo psd+cds ). Na referida coluna não é referida a fonte dos números utilizados
Fui verificar os dados disponíveis do INE e do Banco de Portugal e copiei-os para uma folha de excel, juntamente com os valores do Sr. João Duque, a qual apresento em anexo a este texto.
Os números do INE e do Banco de Portugal ( que são os do INE ) permitem concluir que no intervalo de tempo considerado, o investimento ( sob a forma de formação bruta de, FBC ) diminuiu e… aumentou ! De facto, se considerarmos a FBC a preços correntes, do 3º T 2015 para o 2ºT de 2016, ela DIMINUIU de 6.768,3 para 6.711,6 milhões de €. Porem se considerarmos os dados encadeados em volume, no mesmo intervalo de tempo, a FBC AUMENTOU de 6.894,3 para 6.948,4 milhões de € .
Cada um, conforme as suas preferências, terá a possibilidade de realçar o aumento ou a diminuição do investimento !
Falando de investimento, todos dizem o mesmo, e com verdade : sem investimento não há nem criação de emprego nem de riqueza.                                                                                                   Mas de que tipo de investimento precisamos nós ?   De investimento como o que foi feito, por estrangeiros, na EDP, na REN, na ANA, na FIDELIDADE ?                                                       Certamente que não ! Na verdade, esses alegados investimentos não foram mais do que uma compra de activos já existentes, que não trouxeram nem novos conhecimentos de técnica ou de gestão, nem mais empregos, nem mais exportações e que a prazo vão trazer prejuízo para a balança de pagamentos pela repatriação de lucros e de capital.
Nunca é demais repetir que precisamos de investidores-empreendedores que, para alem do turismo e do que já existe, possam desenvolver riquezas ainda não exploradas de Portugal, não só trazendo-as à superfície, mas transformando-as e introduzindo valor acrescentado. Como por exemplo as reservas de lítio, de ouro e  minerais que existam no fundo do nosso mar . A famosa exploração da nossa zona marítima económica exclusiva.                                                                                                                 E também nas novas tecnologias, no desenvolvimento das energias renováveis, na agro-indústria  ainda há muito para fazer – e lugar para investimentos                                                                             No caso dos investidores estrangeiros, o ideal será que tragam conhecimentos de tecnologia e de gestão e que formem parcerias com os investidores nacionais privados ou com o próprio Estado, de forma a aumentar exportações ou a substituir importações por produções nacionais.

Tudo isto é sabido, mas nunca é demais frisar que não interessa investidores gananciosos que não trazem nada de novo, mas empreendedores que contribuam para o desenvolvimento do País

ANEXO

FUNDAÇÃO BRUTA DE CAPITAL EM MILHÕES DE EUROS
 
DADOS ENCADEADOS EM VOL. ANO  REF 2011
IN E  B PORT  JDUQUE
3ºT 2015 6 894,3 6 894,3
4ºT 2015 6 939,2 6 939,2 6 833
1ºT 2016 6 898,5 6 898,5 6 744
2ºT 2016 6 948,4 6 948,4 6 725
DADOS A PREÇOS CORRENTES
         INE         B PORT JDUQUE
3ºT 2015 6 768,3 6 768,3
  
4ºT 2015 6 763,2 6 763,2 6 822
1ºT 2016 6 722,1 6 733,1 6 755
2ºT 2016 6 711,6 6 711,6 6 698


domingo, 25 de setembro de 2016

O APOIO AOS RICOS E A FALTA DE APOIO AOS POBRES


O APOIO AOS RICOS E A FALTA DE APOIO AOS POBRES

Nos últimos dias têm sido objecto de grande contestação por parte dos comentadores da comunicação social ( com raras e honrosas excepções ) os possíveis aumentos do IMI e a possibilidade de sobre-taxar os imóveis de luxo .

Porem as informações vindas a público, através duma publicação da Fundação Francisco Manuel dos Santos e dum trabalho do Expresso de 17/9/ 2016 sobre o aumento da pobreza e da desigualdade em Portugal, entre 2009 e 2014, não mereceram dos mesmos comentadores nenhuma indignação nem nenhuma tentativa de mobilização para acabar com a vergonhosa desgraça. Nem a Igreja Católica, que se tinha manifestado contra o pagamento do IMI nalgumas das suas propriedades, se manifestou publicamente ( que eu tenha tido conhecimento ).

Isto é revelador do carácter e dos interesses de pessoas e de instituições !

( Publicado na minha página do facebook em 23 de Setembro de 2016.)

No dia seguinte, no semanário Expresso de 24SET2016 apareceram dois textos, um da Srª Clara Ferreira Alves e outro do Comendador Marques de Correia ambos a defenderem os ricos e a menosprezarem os pobres .   Aqueles Senhores tem evidentemente direito à emitir a sua opinião, mas eu também. A minha opinião sobre os referidos escritos é que são UMA VERGONHA                                                                                                                                 

25 AGO 2016

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

INCOMPREENSÃO SOBRE CERTAS REACÇÕES


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

INCOMPREENSÃO SOBRE CERTAS REACÇÕES


De acordo com o esboço do OE 2016, vão ser aumentados os impostos sobre produtos petrolíferos tais como a gasolina e o gasóleo , o que fará subir os respectivos preços no consumidor. A intenção do governo é colher receitas semelhantes às de Julho de 2015 QUANDO O PREÇO DO PETRÓLEO BRUTO ESTAVA MAIS ALTO.
Após o alerta dos meios de comunicação social,  entidades  e associações como  o  ACP e ANAREC  começaram a manifestar a sua  indignação.
É claro que para mim, que saio com o meu carro todos os dias, a ideia de voltar a pagar pela gasolina o mesmo preço de Julho de 2015 não é agradável. Estava a gostar da ideia de pagar menos para fazer os mesmos kms.

Porem há uma coisa que não compreendo :
Se o aumento do preço dos combustíveis no consumidor resultar do aumento do preço do petróleo bruto ( que vai fazer aumentar os lucros dos produtores e dos especuladores ) as associações e pessoas resmungam mas conformam-se. São os mercados a funcionar, dizem
–  e há muitos que os consideram tão sagrados como as sagradas escrituras                                                                                      

 Por outro lado, se o aumento de preços ao consumidor não resultar  de maiores lucros dos produtores ou dos especuladores mas da necessidade do governo actual não perder receitas para poder proporcionar aos portugueses mais prejudicados pelas políticas do anterior executivo PSD+CDS, reposição de salários e de prestações sociais, logo surgem a repulsa e a indignação
Não serão muito mais aceitáveis as causas do aumento dos combustíveis no segundo  caso que no primeiro ?

Eu acho que sim, tanto mais que os novos preços não serão elevados para valores nunca vistos  e portanto parece-me incompreensível a diferença de reacções apontada. POR ISSO ACEITO A MEDIDA SEM MÁ CARA

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

PORQUE NÃO VOU VOTAR EM MARCELO REBELO DE SOUSA (MRS)

MRS é sem dúvida uma pessoa simpática, bom comunicador, bom comentador ( pelo menos quanto à forma ), “visitante” habitual das nossas casas 1 vez por semana capaz de manter fieis audiências durante largos anos. Imagino que seja apreciado e estimado pelos seus alunos, penso que seja honesto e incorrupto em matéria de dinheiros, sem ligações a negócios bancários ou imobiliários. Penso também que não foge ao pagamento dos impostos devidos

Que sei sobre o percurso político de MRS ? Na realidade não muito apesar da sua exposição pública. Sei que foi Secretário de Estado num governo PSD ( mas não sei porque cessou funções ), que foi candidato a presidente da CM Lisboa e que perdeu, que foi presidente do PSD  (mas que não chegou ao fim do mandato ) tendo tido uma posição colaborante com o governo António Guterres na tentativa, conseguida, de entrar no clube do Euro. Tirando esta última atitude, que favoreceu então o interesse nacional, não me parece que tenha feito algo de importante na vida política portuguesa.

Por outro lado a sua actual promessa como candidato presidencial de defesa intransigente das várias componentes do estado social ( escola publica, serviço nacional de saúde, protecção social no desemprego, na velhice, no desamparo, na reforma ) não corresponde a atitudes tomadas durante o governo da coligação PSD+CDS. Não quero dizer que MRS não tenha simpatia pelo estado social, quero dizer que nas circunstâncias da anterior governação não foi um opositor vigoroso às medidas então tomadas. Que me lembre, limitou-se nas suas palestras dominicais a condenar a forma como as más mudanças foram apresentadas mas não o sua substância.

Portanto, eu, que considero o estado social como uma grande conquista civilizacional do pós-guerra de 1939-1945, não poderia nunca votar numa pessoa que nem sempre se mostrou um seu acérrimo paladino. Não teria a confiança de que se um dia voltasse a ser necessário sacrificar alguma coisa dos portugueses, MRS, como PR, não desse o seu aval a que se começasse pelo estado social.

Simpatia não basta !

17 JAN 2015