AS ELEIÇÓES
PRESIDENCIAIS FRANCESAS
DE 2017
3. JEAN LUC MELENCHON
JLM é um candidato da extrema esquerda às eleições
presidenciais francesas e, segundo dizem os jornais, um dos que mais tem subido
nas sondagens, nos últimos tempos.
Vejamos o que se propõe fazer no que respeita às
relações com a União Europeia (EU).
Consultando o sítio da internet deste candidato (
laec.fr ) , começamos por ler .
« Il n'y a pas
de choix démocratique contre les traités européens. » En tenant ces
propos, le président de la Commission européenne Jean-Claude Juncker a lui-même
fixé le cadre de la tyrannie qu'il exerce. Notre programme n'est pas compatible
avec les règles des traités européens qui imposent l'austérité budgetaire, le
libre-échange et la destruction des services publics. Pour appliquer notre
programme, il nous faudra donc désobéir aux traités dès notre arrivée au
pouvoir, par des mesures de sauvegarde de la souveraineté du peuple français.
Seguidamente JLM propõe~se pôr
em prática as seguintes medidas imediatas e unilaterais :
1. Sair do pacto de estabilidade e do enquadramente das regras relativas ao
défice denunciando o Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação
ratificado por iniciativa de François Hollande.
COMENTÁRIO : Na realidade, a França, com governos de
esquerda ou de direita, nunca obedeceu à regra do défice inferior a 3%. Muitos pensamos
que as despesas do estado devem ser divididas em 2 categorias : despesas de
funcionamento+ manutenção e despesas de investimento, as quais deverão ser
analisadas de forma diversa e ter regras diferentes. Deveria também haver uma
excepção para as despesas resultantes de acudir a grandes catástrofes.
2.Abandonar unilateralmente a directiva sobre os trabalhadores destacados
pois que a legislação nacional francesa deve ser aplicada na sua totalidade,
incluindo as quotizações sociais de patrões e empregados
3. Rcusar as regressões do direito europeu nas questões sociais e
ecológicas em relação ao direito francês
4. Recusar os tratados de comércio livre, ou seja o CETA, o TAFTA e o TISA
5. Parar a liberalização e a privatização dos serviços públicos ( barragens
hidroeléctricas, transportes ferroviários no interior, grandes linhas, etc. )
6. Regular os movimentos de capitais para evitar a evasão fiscal e os
ataques especulativos contra a França
COMENTÁRIO : Estas medidas
são de facto um ataque directo à organização da União Europeia e da Zona Euro.
Só de seguida são apresentadas as perspectivas de negociações. Como reagiriam
os parceiros ?
Em relação à saída do Reino Unido da UE, JLM diz que esta deve ser
respeitada sem espírito de vingança, e que denunciará os acordos de Touquet (
entre a França e o RU relativos aos portos do Canal da Mancha ).
Para acabar com a
« tirania da Comissão Europeia » e após as medidas preliminares acima
descritas, JLM propõe-se pôr em prática através de negociações com vos
parceiros europeus
PLANO
A para a refundação europeia
A.1 )
Modificação dos estatutos do Banco Central Europeu de forma a que ele possa
emprestar directamente e seja impedido
de cortar liquidez aos estados membros
COMENTÁRIO : Nada mais sensato e justo, desde que
convenientemente regulamentado.
A.2)
Desvalorizar o euro de forma voltar à paridade com o dólar americano
COMENTÁRIO :Para Portugal, esta medida teria duas
consequências contrárias : facilitaria as exportações para fora da UE mas
encareceria a importação de combustíveis fósseis, das quais ainda estamos
dependentes
A.3)
Regulamentar a finança, proibindo os produtos financeiros tóxicos, taxando as
transações financeiras, controlando as movimentações de capitais para impedir
ataques especulativos
COMENTÁRIO : Totalmente de acordo. O dinheiro deve
estar ao serviço da economia e dos povos.
A.4)
Organizar uma conferência europeia sobre as dívidas soberanas para tratar de
moratórias, baixa de juros, reescalonamento ou perdão parcial da dívida.
COMENTÁRIO : Isto seria muito útil para Portugal,
uma vez que o peso do serviço de juros esmaga a possibilidade de investimento
por parte do estado na nossa economia. Porem não podemos esquecer que grande
parte da dívida soberana portuguesa está na mão de particulares e resultou de aplicação de poupanças
A.5)
Parar a privatização dos serviços públicos ( caminhos de ferro, energia,
telecomunicações )
COMENTÁRIO : De acordo,. Infelizmente para Portugal
já viria tarde
A.6 ) Por
em prática um proteccionismo solidário. Ou seja, o fim da livre circulação de
bens e capitais entre a EU e países terceiros, o fim das práticas de comércio livre que
arruínam as economias em desenvolvimento e destroem a indústria europeia,
autorização das ajudas de estado a sectores estratégicos.
COMENTÁRIO : Sem dúvida que a Europa deve
defender-se dos movimentos especulativos de capitais, das mercadorias oriundas
de países que praticam o dumping social, não têm em conta os danos ecológicos e
têm ajudas oficiais à exportação.
A.8 ) Pôr
fim ao dumping no interior da EU através duma política de rápida harmonização
fiscal e social, nivelando por cima, e introduzindo uma cláusula de não
regressão de direitos sociais
COMENTÁRIO : Tais medidas salvaguardariam o estado
social europeu e evitariam a fuga das sedes das companhias nacionais para
estados membros que praticam o dumping do IRC
A.9)
Reformular a política agrícola comum de forma a garantir a auto-suficiência alimentar,
a relocalização da produção, a agricultura ecológica e camponesa
COMENTÁRIO : Medidas de protecção da Europa em
relação ao resto mundo. Não está dito qual será a posição em relação aos
produtos geneticamente modificados
A.10 )
Abandonar o mercado do carbono e pôr em prática uma política de redução de
emissões de gases com efeito de estufa, fixando graus de convergência
obrigatórios
COMENTÁRIO : De acordo. Vai no sentido de proteger a
vida no nosso planeta
Em caso de acordo, o resultado das negociações seria submentido a referendo
pelos franceses, que decidiriam se queriam sair ou continuar na UE, nos novos
termos.
Se não houvesse acordo com os
parceiros da UE, JLM poria em funcionamento o PLANO B com as seguintes
decisões :
B.1 ).
Suspensão da contribuição da França para o orçamento da EU ( 22 mil milhões de
euros, dos quais 7.000 milhões líquidos )
B.2 ) Ordem ao Banco de França para retomar o
controlo da política de crédito e a regulação bancária e para procurar um
sistema monetário alternativo, em conjunto com os paises que na fase do Plano A
tivessem manifestado interesse em
transformar o euro em moreda comum mas não única
B.3 )
Controlo de capitais e de mercadorias nas fronteiras nacionais para evitar a
evasão fiscal dos mais ricos e dos grandes grupos económicos e financeiros e
para protecção contra ataques especulativos e contra o dumping social, fiscal e
ecológico
B.4 )
Construir novas cooperações com os países que o desejassem, em matérias
culturais, educativas, científicas,
COMENTÁRIOS FINAIS :
i) As reformas do grupo A seriam na gerneralidade
benéficas para Portugal.
ii) As medidas do grupo B desencadeariam um grande
sobressalto na UE cujas consequências é difícil de prever
Talvez obrigassem à saída da França da UE
iii) Percebe-se
que JLM não é adepto da UE, pelo menos tal como ela existe, mas não proporá a
saída da França sem tentar modificá-la e sem a concordância do povo francês