segunda-feira, 23 de setembro de 2019

A PROPÓSITO DUM ARTIGO SOBRE CAPITALISMO MODERNO, RECORDAÇÃO DA PRIMAVERA DE PRAGA (1968 )

No semanário Expresso escrevem vários articulistas e colunistas sobre temas de economia. O mais humanista de todos é o Sr. Joseph E. Stiglitz que aparece espaçadamente, na penúltima página do caderno de Economia, a duas colunas sob o título de “Pensamento não Convencional”. Este economista foi prémio Nobel em 2001, vice-presidente sénior e economista chefe do Banco Mundial de 1997 a 2000 e é professor da Universidade de Columbia . É autor de vários livros, alguns traduzidos em português como “ O Preço da Desigualdade”, “o Fim da Desigualdade”, “ Por uma Sociedade da Aprendizagem”, “A Economia mais Forte do Mundo”, “O Euro e a sua Ameaça para o Futuro da Europa”. Tem sido um adversário claro das políticas económicas neo liberais que tanta desigualdade na distribuição de rendimentos têm trazido aos povos onde são aplicadas ( nomeadamente na Europa e nos EUA ) Acredita na economia de mercado devidamente regulada e num sistema capitalista onde todos ganhem – empregados por conta de outrem, fornecedores e clientes das empresas, finanças públicas através da recolha dos impostos devidos – e não apenas os manda-chuva das empresas ( também chamados de CEO ! ), os que lhes estão próximo e os proprietários/accionistas, - com recurso a esmifrar empregados e fornecedores, a tentar enganar clientes através da publicidade e a fugir ao pagamento de impostos. Por outras palavras, é um prosélito da responsabilidade social das empresas No seu artigo de 14 de Setembro de 2019, Stiglitz informa-nos que parece haver uma reviravolta no pensamento dos chefes de empresa mais importantes da América, membros da Mesa Redonda Empresarial dos EUA, ao assinarem um documento em que consideram que “os negócios são mais que o seu resultado final “ Será que voltaremos a ter um capitalismo com cariz social como a Europa teve a seguir à Guerra Mundial de 1939-1945 ? Stiglitz tem dúvidas e no seu artigo apresenta-as, dizendo que entre os signatários estão muitos dos que usam paraísos fiscais para fugir aos impostos, outros que apoiaram as leis Trump sobre impostos que favorecem os ricos em detrimento das classes médias e dos pobres, e também porque as leis americanas não favorecem os que se preocupam com o ambiente, a saúde e a segurança no local de trabalho, e que os representantes dos grandes bancos responsáveis pela crise de 2008 não estão entre os signatários. Ou seja, este eventual volte-face, esta tentativa de dar um ” rosto humano ao capitalismo” corre o risco de não passar do papel e de ter o mesmo destino da tentativa do Sr. A. Dubcek, secretário geral do partido comunista da Checoslováquia, de dar em 1968 um“ rosto humano” ao comunismo, ou seja acabar esmagado por forças mais poderosas. No caso da Checoslováquia foram as tropas do Pacto de Varsóvia ; no caso presente as “forças mais poderosas” serão as forças do capitalismo financeiro americano e internacional com a sua ganância e a sua falta de humanismo. Os governos dos países da EU deveriam ter políticas de promoção efectiva da responsabilidade social das empresas Lisboa, 23 de Setembro de 2019 j