quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O MURO DAS LAMENTAÇÕES

O MURO DAS LAMENTAÇÕES A 12 de Outubro de 2020 o Orçamento de Estado para 2021 foi entregue no Parlamento e A 21 de Outubro o Ministro das Finanças deu uma conferência de imprensa para realçar alguns detalhes daquele e responder a perguntas dos jornalistas. Logo de seguida, as televisões transmitiram comentários dos partidos políticos, sindicatos, associações patronais, etc. E aí cheguei à conclusão que não tinha apresentado um orçamento mas um Muro das Lamentações ! Quase nenhum sector da sociedade portuguesa deixou de ser contemplado com algum benefício, absolutamente necessário em face das crises económica e social causadas pela doença pandémica Covid 19. Mas apesar do enorme sacrifício que isso representa em aumento de dívida pública – que um dia os portugueses terão da pagar – ninguém, excepto provavelmente os apoiantes do Governo, se mostrou satisfeito. Todos queriam mais para o grupo que representam ou dizem representar, como se fosse possível ao Governo distribuir dinheiro a rodos sem pensar no futuro. Pessoalmente acredito que o Orçamento contempla as necessidades imediatas da população, sobretudo dos mais prejudicados pela recessão económica e procura criar condições para a continuação da luta contra a doença e para que as empresas afectadas pela crise possam sobreviver. Reprovar o Orçamento na Assembleia da República teria como consequência a despesa do Estado passar a ser gerida pelo regime de duodécimos, com base no Orçamento anterior, sem as melhorias para todos que a proposta apresentada traz. Se os partidos políticos acham que a solução dos duodécimos é melhor que a proposta, então realmente devem votar contra. Mas isso será falta de pragmatismo ou ideologia política levada ao absurdo? Lisboa, 14 de Outubro de 2020 Post Scriptum : O que escrevi não significa que que concorde com as desigualdades exageradas que existem na sociedade portuguesa : há muito a fazer neste campo. Mas apesar de tudo o Orçamento em causa dá um pequeno contributo para a redução daquelas. Não seria possível num único ano resolver todos os problemas, mas deveria ser estabelecido um plano pluri-anual resolver o problema social e civilizacional que isso representa.