domingo, 25 de dezembro de 2016

O NOVO PROGGRAMA DA RTP3 “TUDO É ECONOMIA” E A PARÁBOLA DO FAMILIAR DOENTE


O NOVO PROGGRAMA DA RTP3 “TUDO É ECONOMIA” E A PARÁBOLA DO FAMILIAR DOENTE

Depois de ver a 1ª apresentação deste novo programa da RT3, que veio substituir, creio, o programa do Sr. Peres Metelo “Os Números do Dinheiro” onde, aliás, se aprendia alguma coisa, dei-me conta a formular mentalmente a seguinte parábola :

Numa dada família, um dos familiares adoeceu com uma doença difícil de tratar. O chefe de família procurou por todos os meios recuperar o doente e para isso teve de pedir dinheiro emprestado. Começou por procurar aqueles que habitualmente emprestavam dinheiro, mas estes, farejando desgraça e sabendo que a família não era de grandes bens, fizeram-se rogados e propuseram juros incomportáveis. O chefe de família voltou-se para umas pessoas que julgava amigas e pediu auxílio. Estas, com uma sobranceria indesculpável responderam que estavam dispostas a ajudar mas que exigiam sacrifícios.                                                                                                                          - Quais são os sacrifícios? - perguntou o desesperado chefe de família.                              –Bem – responderam-lhe – tens de saír da tua casa, alugá-la de preferência a estrangeiros e ir viver para um andar modesto, pobrezinho. Claro que o dinheiro das rendas será para pagar as dívidas. Depois terás de deixar de comer sobremesa às refeições, pois a tua vida não dá para essas estravagâncias. Em seguida terás de passar a trabalhar de sol a sol e nunca refilares com o teu patrão, para evitar que ele te despeça. E ainda…                                                                                                                          - -Tudo isso ? Eu pensava que podia contar com a vossa amizade! – lamentou-se o infeliz suplicante .                                                                                                                                       – Ora, ora ! Conheces o ditado popular “ amigos, amigos, negócio à parte ? Pois é o que se está a passar !- foi a resposta – Tens muita sorte pois os juros que propomos são mais baixos que os dos agiotas. É pegar ou largar!                                                                                       O chefe de família engoliu em seco  e com a aprovação tácita dos vizinhos invejosos, lá aceitou as condições e pôde tratar do familiar doente. Este ficou fraquinho, fraquinho, mas ainda está vivo. A família, é claro, vive com imensas dificuldades para pagar os juros e o capital do empréstimo.

Correlação com a vida real :

Família – Portugal

Familiar doente – portugueses pobres e desempregados vítimas da crise financeira

Chefe de família – 1º M José Sócrates

Emprestadores habituais – bancos estrangeiros e especuladores internacionais

Pessoas julgadas amigas – a União Europeia

A tua casa – as empresas públicas rentáveis

Vizinhos invejosos : PSD e CDS

 

Mas que relação tem essa parábola com o programa da RTP3 ?

Não muita, mas alguma : no programa o defensor dos portugueses pobres, dos reformados e dos desempregados foi o Prof. Ricardo Paes Mamede ; o opositor aos gastos com o “doente”, porque não se pode “gastar mais do que se tem”,  e defensor dos credores, foi o Sr. Vitor Bento.

Donde tirei as seguintes conclusões : o Sr. Ricardo Paes Mamede é primeiramente um humanista e depois um economista ; e o Sr. Vitor Bento não é mais que  um reputado economista.

Nota: o contraditório foi muito interessante e valeu a pena ver o programa. Esperemos que os seguintes mantenham o nível

 

Lisboa, 18 de Dezembro de 2016