O NOVO PROGGRAMA
DA RTP3 “TUDO É ECONOMIA” E A PARÁBOLA DO FAMILIAR DOENTE
Depois de
ver a 1ª apresentação deste novo programa da RT3, que veio substituir, creio, o
programa do Sr. Peres Metelo “Os Números do Dinheiro” onde, aliás, se aprendia
alguma coisa, dei-me conta a formular mentalmente a seguinte parábola :
Numa dada
família, um dos familiares adoeceu com uma doença difícil de tratar. O chefe de
família procurou por todos os meios recuperar o doente e para isso teve de
pedir dinheiro emprestado. Começou por procurar aqueles que habitualmente
emprestavam dinheiro, mas estes, farejando desgraça e sabendo que a família não
era de grandes bens, fizeram-se rogados e propuseram juros incomportáveis. O
chefe de família voltou-se para umas pessoas que julgava amigas e pediu
auxílio. Estas, com uma sobranceria indesculpável responderam que estavam
dispostas a ajudar mas que exigiam sacrifícios. - Quais são os sacrifícios?
- perguntou o desesperado chefe de família. –Bem –
responderam-lhe – tens de saír da tua casa, alugá-la de preferência a
estrangeiros e ir viver para um andar modesto, pobrezinho. Claro que o dinheiro
das rendas será para pagar as dívidas. Depois terás de deixar de comer
sobremesa às refeições, pois a tua vida não dá para essas estravagâncias. Em
seguida terás de passar a trabalhar de sol a sol e nunca refilares com o teu patrão,
para evitar que ele te despeça. E ainda… - -Tudo isso ? Eu pensava que podia contar
com a vossa amizade! – lamentou-se o infeliz suplicante .
– Ora, ora ! Conheces o
ditado popular “ amigos, amigos, negócio à parte ? Pois é o que se está a
passar !- foi a resposta – Tens muita sorte pois os juros que propomos são mais
baixos que os dos agiotas. É pegar ou largar!
O chefe de família engoliu em seco e com a aprovação tácita dos vizinhos invejosos,
lá aceitou as condições e pôde tratar do familiar doente. Este ficou fraquinho,
fraquinho, mas ainda está vivo. A família, é claro, vive com imensas
dificuldades para pagar os juros e o capital do empréstimo.
Correlação com a vida real :
Família – Portugal
Familiar doente – portugueses pobres
e desempregados vítimas da crise financeira
Chefe de família – 1º M José Sócrates
Emprestadores habituais – bancos
estrangeiros e especuladores internacionais
Pessoas julgadas amigas – a União
Europeia
A tua casa – as empresas públicas
rentáveis
Vizinhos invejosos : PSD e CDS
Mas que relação tem essa parábola com
o programa da RTP3 ?
Não muita, mas alguma : no programa o
defensor dos portugueses pobres, dos reformados e dos desempregados foi o Prof.
Ricardo Paes Mamede ; o opositor aos gastos com o “doente”, porque não se pode
“gastar mais do que se tem”, e defensor
dos credores, foi o Sr. Vitor Bento.
Donde tirei as seguintes conclusões :
o Sr. Ricardo Paes Mamede é primeiramente um humanista e depois um economista ;
e o Sr. Vitor Bento não é mais que um
reputado economista.
Nota: o contraditório foi muito
interessante e valeu a pena ver o programa. Esperemos que os seguintes
mantenham o nível
Lisboa, 18 de Dezembro de 2016