OS VENCIMENTOS
DOS ALTOS DIRIGENTES DA CGD E O IRS
Nos últimos dias desenvolveu-se uma animada polémica acerca
dos vencimentos dos novos administradores da CGD, argumentando uns que tais
vencimentos não devem ser superiores aos do PM e outros que as leis do mercado
( sempre as famosas leis do Deus Mercado ) assim o ditam.
De facto num país com uma economia aberta como o nosso,
integrado na estrutura da União Europeia – que é absoluta e decididamente pró
mercado – altamente endividado e com uma balança de pagamentos negativa, quer
queiramos quer não, pouco se pode fazer para contrariar os ditames do mercado.
( Poderíamos
talvez isolarmo-nos, mandar parceiros da EU e os credores internacionais às
urtigas, mas como sobreviveríamos se não produzimos nem todos os alimentos nem
toda a energia de que necessitamos ? É uma hipótese que nos remeteria para um
nível de vida horrivelmente baixo e que geraria abundantes “choros e ranger de
dentes”, para usar uma frase bíblica
Portanto
temos de ir aguentando, procurando proteger os mais desfavorecidos e reduzir as desigualdades, até que consigamos
pagar as dívidas, produzir todos os alimentos básicos de que necessitamos e ter
energia, de origem local, na quantidade suficiente para as nossas necessidades.
)
Pelo que ficou dito, se , na realidade, queremos gestores de
boa qualidade na CGD, temos de os remunerar competitivamente com os dos bancos
privados
Porem ao compararmos os vencimentos desses executivos com o
do PM – o executivo de maior responsabilidade do nosso País – não podemos
deixar de assinalar que se verifica uma incrível INVERSÃO DE VALORES ! Não me
parece que haja qualquer razão matemática, física, fisiológica, moral, lógica,
etc para que um administrador dum banco ( ou outro tipo de empresa ) privada em
Portugal ganhe mais que o PM.
Já sei o que os leitores vão dizer: os bancos são empresas
privadas, o dinheiro que têm é deles e pagam como quiserem aos seus dirigentes
; pelo contrário o PM é pago pelos Portugueses e como Portugal é um País
remediado, com baixos rendimentos médios individuais, não pode ou não deve
pagar mais ao seu PM.
Este argumento é quase aceitável. De facto o dinheiro que os
bancos ganharam pertence-lhes e podem
distribuí-lo como quiserem. Porem há uma questão que pode pôr: donde veio
esse dinheiro? Dos serviços ( sempre
necessários, pois ninguém vai a um banco para realizar uma actividade de lazer
) vendidos aos Portugueses - com
excepção do dinheiro resultante das exportações. Portanto parece-me socialmente reprovável
pagar a um administrador bancário 40.000 € por mês, ou mais, num país onde o
salário mínimo nacional é de 530 € . É quase uma relação de 800 para 1 e sem
dúvida um bom contributo para a desigualdade
A única arma que o Governo possui para contrariar esta
situação é tornar os escalões do IRS mais progressivos. A título de exemplo,
vejam a tabela abaixo que com os meus não-conhecimentos de não-fiscalista me
dei ao trabalho de construir.
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OS 5 ESCALÕES DO IRS EM 2016
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equivalência em salários
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Rendimento
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taxa aplicável
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taxa média
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mensais, 14 vezes po ano
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até 7035 euros
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14,50%
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14,50%
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502,5 euros
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+7035 até 20100
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28,50%
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23,60%
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+502,5 até1435,7 euros
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+20100 até 40200
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37%
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30,30%
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+1435,7 até 2871,4 euros
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+40200 até 80000
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45%
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37,65%
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+2871,4 até 5714,3 euros
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+80000
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48%
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+ 5714,3 euros
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SUGESTÃO PARA NOVOS ESCALÕES DO IRS
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Rendimento
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taxa aplicável
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taxa média
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+80000 até 112000
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48%
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40,70%
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+5714,3 até 8000 euros
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+112000 até 140000
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50%
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42,50%
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+ 8000 até 10000 euros
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+ 140000 até 280000
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60%
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51,30%
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+10000 até 20000 euros
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+280000 até 560000
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65%
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58,00%
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+20000 até 40000 euros
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+560000
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70%
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+40000
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Haja vontade política – e seja oportuno, como diria o Sr.
Presidente da República- para os aplicar
22 de Outubro de 2016