sábado, 22 de outubro de 2016

OS VENCIMENTOS DOS ALTOS DIRIGENTES DA CGD E O IRS

OS VENCIMENTOS DOS ALTOS DIRIGENTES DA CGD E O IRS

Nos últimos dias desenvolveu-se uma animada polémica acerca dos vencimentos dos novos administradores da CGD, argumentando uns que tais vencimentos não devem ser superiores aos do PM e outros que as leis do mercado ( sempre as famosas leis do Deus Mercado ) assim o ditam.
De facto num país com uma economia aberta como o nosso, integrado na estrutura da União Europeia – que é absoluta e decididamente pró mercado – altamente endividado e com uma balança de pagamentos negativa, quer queiramos quer não, pouco se pode fazer para contrariar os ditames do mercado.
( Poderíamos talvez isolarmo-nos, mandar parceiros da EU e os credores internacionais às urtigas, mas como sobreviveríamos se não produzimos nem todos os alimentos nem toda a energia de que necessitamos ? É uma hipótese que nos remeteria para um nível de vida horrivelmente baixo e que geraria abundantes “choros e ranger de dentes”, para usar uma frase bíblica
Portanto temos de ir aguentando, procurando proteger os mais desfavorecidos e  reduzir as desigualdades, até que consigamos pagar as dívidas, produzir todos os alimentos básicos de que necessitamos e ter energia, de origem local, na quantidade suficiente para as nossas necessidades. )

Pelo que ficou dito, se , na realidade, queremos gestores de boa qualidade na CGD, temos de os remunerar competitivamente com os dos bancos privados
Porem ao compararmos os vencimentos desses executivos com o do PM – o executivo de maior responsabilidade do nosso País – não podemos deixar de assinalar que se verifica uma incrível INVERSÃO DE VALORES ! Não me parece que haja qualquer razão matemática, física, fisiológica, moral, lógica, etc para que um administrador dum banco ( ou outro tipo de empresa ) privada em Portugal ganhe mais que o PM.
Já sei o que os leitores vão dizer: os bancos são empresas privadas, o dinheiro que têm é deles e pagam como quiserem aos seus dirigentes ; pelo contrário o PM é pago pelos Portugueses e como Portugal é um País remediado, com baixos rendimentos médios individuais, não pode ou não deve pagar mais ao seu PM.
Este argumento é quase aceitável. De facto o dinheiro que os bancos  ganharam pertence-lhes e podem distribuí-lo como quiserem.                                                                                                            Porem há uma questão que pode pôr: donde veio esse dinheiro?                                                              Dos  serviços ( sempre necessários, pois ninguém vai a um banco para realizar uma actividade de lazer ) vendidos aos Portugueses  - com excepção do dinheiro resultante das exportações.  Portanto parece-me socialmente reprovável pagar a um administrador bancário 40.000 € por mês, ou mais, num país onde o salário mínimo nacional é de 530 € . É quase uma relação de 800 para 1 e sem dúvida um bom contributo para a desigualdade
A única arma que o Governo possui para contrariar esta situação é tornar os escalões do IRS mais progressivos. A título de exemplo, vejam a tabela abaixo que com os meus não-conhecimentos de não-fiscalista me dei ao trabalho de construir.




OS 5 ESCALÕES DO IRS EM 2016










equivalência em salários
Rendimento
taxa aplicável
taxa média
mensais, 14 vezes po ano
até 7035 euros
14,50%

14,50%

502,5 euros

+7035 até 20100
28,50%

23,60%

+502,5 até1435,7 euros
+20100 até 40200
37%

30,30%

+1435,7 até 2871,4 euros
+40200 até 80000
45%

37,65%

+2871,4 até 5714,3 euros
+80000

48%



+ 5714,3 euros










SUGESTÃO PARA NOVOS ESCALÕES DO IRS













Rendimento
taxa aplicável
taxa média



+80000 até 112000
48%

40,70%

+5714,3 até 8000 euros
+112000 até 140000
50%

42,50%

+ 8000 até 10000 euros
+ 140000 até 280000
60%

51,30%

+10000 até 20000 euros
+280000 até 560000
65%

58,00%

+20000 até 40000 euros
+560000

70%



+40000



Haja vontade política – e seja oportuno, como diria o Sr. Presidente da República- para os aplicar


22 de Outubro de 2016

terça-feira, 11 de outubro de 2016

OS NÚMEROS DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS

OS NÚMEROS DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS

O  Sr. João Duque publicou na sua coluna do caderno de Economia do semanário Expresso de 8 de Outubro de 2016 um pequeno artigo sobre as exportações portuguesas
Diz o referido Senhor, comparando as nossas exportações , a preços correntes, de 2015 com as do 1º semestre de 2016, que“ As exportações caem há 5 semestres consecutivos,…” E para abonar a sua afirmação apresenta várias percentagens que, aliás, não coincidem com as do Instituto Nacional de Estatística .

Ora o que se pode ler no Boletim Mensal do Instituto Nacional de Estatística, INE, de Agosto é o seguinte .

Exportações de bens (FOB) e serviços a preços correntes )
1º Trimestre de 2015  : 17.741,5  milhões de €             ( governo psd + cds )
2º  T                      2015 : 18.337,7                                (governo psd + cds )   
3º T                       2015 : 18.032,2                                (governo psd + cds )
4º T                       2015 : 18,241,3                                (governo psd + cds )
1º T                       2016 : 17.878,1                                ( governo socialista )
2ºT                        2016 : 18.049,0                                ( governo socialista )
   
CONCLUSÃO : As exportações a preços correntes aumentaram e diminuíram durante o período considerado. Não me parece que tenham caído durante 5 semestres consecutivos

Passando ao valor das exportações em volume ( preços constantes ), diz  o Sr. João Duque, comparando agora as exportações Portuguesas, em volume, de 2015 com as do 1º semestre de 2016, que, e cito, “ notamos que a sua evolução, apesar de ainda positiva, cai há 5 semestres consecutivos.” E para provar a sua afirmação apresenta várias percentagens ( sem todavia indicar, mais uma vez a sua origem).

Voltando a consultar o mesmo boletim mensal do INE, pode ler-se

Exportações de bens (FOB) e serviços em volume ( preços constantes )
1º Trimestre de 2015  : 17.962,7  milhões de €             ( governo psd + cds )
2º  T                      2015 : 18.484,4                                (governo psd + cds )   
3º T                       2015 : 18.145,6                                 (governo psd + cds )
4º T                       2015 : 18,487,7                                (governo psd + cds )
1º T                       2016 : 18.511,3                                ( governo socialista )
2ºT                        2016 : 18.758,4                                ( governo socialista )

CONCLUSÃO : É evidente que podemos dizer sem mentir que, em volume, as exportações aumentaram sempre entre o 1ºT de 2015 e o 2ºT de 2016, excepto no 3º T de 2015.

Porem o articulista preferiu referir percentagens de variação, cujos valores aliás não coincidem com os do INE, para poder dizer que a “evolução cai” para dar uma ideia negativa aos  leitores incautos sobre o que se passou no 1º semestre do governo socialista.   

É sabido que, em termos gerais, quanto mais alto for o patamar atingido, mais difícil se torna manter os rimos de crescimento, e isso também se passa, por maioria de razões no capítulo das exportação onde o que acontece depende de factores não controláveis.
                                                                                                                                                …
Portanto animemo-nos porque as EXPORTAÇÕES EM VOLUME  CONTINUAM A CRESCER e não justificam as preocupações aeronáutico-pessimistas do artigo do Sr. João Duque .

F. Fonseca Santos
10 OUT 2016


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

OS NÚMEROS DO INVESTIMENTO – DIVERSAS ESCOLHAS POSSÍVEIS

OS NÚMEROS DO INVESTIMENTO – DIVERSAS ESCOLHAS POSSÍVEIS

A comparação dos números relativos ao desempenho da economia em Portugal entre 2º semestre de 2015 e o 1º semestre de 2016, apresentada pelo PM no último debate quinzenal apanharam as oposições de surpresa, provocaram grande agitação sonora no hemiciclo e motivaram o contraditório  dos comentadores de direita com acesso à comunicação social.
Por exemplo, o Sr. João Duque na sua coluna do Expresso Económico de 1 OUT2016 apresentou números, sobre o investimento, que não são comparáveis com os do Sr. António Costa, mas que mostrariam que o investimento em Portugal diminuiu no 1º semestre de 2016 ( governo do partido socialista ) em comparação com o 2º semestre 2015 ( governo psd+cds ). Na referida coluna não é referida a fonte dos números utilizados
Fui verificar os dados disponíveis do INE e do Banco de Portugal e copiei-os para uma folha de excel, juntamente com os valores do Sr. João Duque, a qual apresento em anexo a este texto.
Os números do INE e do Banco de Portugal ( que são os do INE ) permitem concluir que no intervalo de tempo considerado, o investimento ( sob a forma de formação bruta de, FBC ) diminuiu e… aumentou ! De facto, se considerarmos a FBC a preços correntes, do 3º T 2015 para o 2ºT de 2016, ela DIMINUIU de 6.768,3 para 6.711,6 milhões de €. Porem se considerarmos os dados encadeados em volume, no mesmo intervalo de tempo, a FBC AUMENTOU de 6.894,3 para 6.948,4 milhões de € .
Cada um, conforme as suas preferências, terá a possibilidade de realçar o aumento ou a diminuição do investimento !
Falando de investimento, todos dizem o mesmo, e com verdade : sem investimento não há nem criação de emprego nem de riqueza.                                                                                                   Mas de que tipo de investimento precisamos nós ?   De investimento como o que foi feito, por estrangeiros, na EDP, na REN, na ANA, na FIDELIDADE ?                                                       Certamente que não ! Na verdade, esses alegados investimentos não foram mais do que uma compra de activos já existentes, que não trouxeram nem novos conhecimentos de técnica ou de gestão, nem mais empregos, nem mais exportações e que a prazo vão trazer prejuízo para a balança de pagamentos pela repatriação de lucros e de capital.
Nunca é demais repetir que precisamos de investidores-empreendedores que, para alem do turismo e do que já existe, possam desenvolver riquezas ainda não exploradas de Portugal, não só trazendo-as à superfície, mas transformando-as e introduzindo valor acrescentado. Como por exemplo as reservas de lítio, de ouro e  minerais que existam no fundo do nosso mar . A famosa exploração da nossa zona marítima económica exclusiva.                                                                                                                 E também nas novas tecnologias, no desenvolvimento das energias renováveis, na agro-indústria  ainda há muito para fazer – e lugar para investimentos                                                                             No caso dos investidores estrangeiros, o ideal será que tragam conhecimentos de tecnologia e de gestão e que formem parcerias com os investidores nacionais privados ou com o próprio Estado, de forma a aumentar exportações ou a substituir importações por produções nacionais.

Tudo isto é sabido, mas nunca é demais frisar que não interessa investidores gananciosos que não trazem nada de novo, mas empreendedores que contribuam para o desenvolvimento do País

ANEXO

FUNDAÇÃO BRUTA DE CAPITAL EM MILHÕES DE EUROS
 
DADOS ENCADEADOS EM VOL. ANO  REF 2011
IN E  B PORT  JDUQUE
3ºT 2015 6 894,3 6 894,3
4ºT 2015 6 939,2 6 939,2 6 833
1ºT 2016 6 898,5 6 898,5 6 744
2ºT 2016 6 948,4 6 948,4 6 725
DADOS A PREÇOS CORRENTES
         INE         B PORT JDUQUE
3ºT 2015 6 768,3 6 768,3
  
4ºT 2015 6 763,2 6 763,2 6 822
1ºT 2016 6 722,1 6 733,1 6 755
2ºT 2016 6 711,6 6 711,6 6 698