sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

DOIS ANOS DO GOVERNO DE ANTÓNIO COSTA

Por ocasião da passagem de 2 anos do governo de António Costa, a maior parte dos portugueses tem razão para estar optimista e para se sentir mais aliviada do ponto de vista das suas contas pessoais. Por outro lado, as oposições e os meios de comunicação social ( MCS) que as apoiam continuam com o processo de  formação do presente governo entalado na garganta e invejosos dos sucessos alcançados.
Sobre o modo como o governo se formou, continuam a dizer que tendo sido o PSD o partido mais votado, deveria ter sido este o escolhido para governar. Esquecem-se que na nossa democracia os governos dependem do povo, através da vontade do Parlamento e do Presidente da República. Em relação a isto, ser ou não ser o partido mais votado é secundário. Inequivocamente o Parlamento rejeitou a continuação do mandato do PSD+CDS e aprovou a constituição dum governo do PS. E o Presidente da República ratificou.  Há alguma ilegalidade ou imoralidade nisto ? Certamente que não.
Em face dos sucessos nacionais e internacionais alcançados pelo governo, a estratégia das oposições e dos MCS que lhe são afectos passou a ser baseada, por um lado, na exploração das divergências ideológicas que existem entre os partidos que apoiam o governo e por outro na utilização das tragédias que aconteceram ( os incêndios ), na preocupação ( na minha opinião hipócrita ) com o funcionamento dos serviços públicos e com o tratamento de algumas ocorrências nacionais.
Falemos um pouco mais destes temas.
Nunca foi negado que havia divergências entre o PS e os partidos à sua esquerda no que respeita às posições face à UE, ao euro e à OTAN. Isso porem não foi impeditivo de se conseguir os consensos necessários à reposição de situações que tinham sido muito prejudicadas durante o período da troika pelo governo PSD+CDS. E assim deverá continuar a ser.
No meu entender, mais importante para os partidos políticos que obter vitórias ideológicas deve ser conseguir o progresso de toda a população no caminho da eliminação da pobreza, da redução das desigualdades económico-sociais, da mais justa distribuição da riqueza, da igualdade de oportunidades para todos, da melhoria do estado social ( educação, saúde, protecção social ).
( Neste ponto sinto que estou a repetir ideias que já exprimi, mas não posso deixar de o fazer uma vez que as oposições e os MCS afectos continuam também repetitivamente a preocupar-se com o oposto – e não podem ficar sem resposta ).
Quanto aos incêndios, levantou-se recentemente a polémica sobre se deveriam ou não ser divulgadas as circunstâncias e o sofrimento associados à morte de cada uma das vítimas. O assunto é sem dúvida delicado e no meu entender a revelação de cada caso só deveria ser feito mediante autorização dos respectivos familiares, sem pressões de qualquer lado, e às pessoas ou entidades a quem compete tomar medidas. Caso contrário caímos numa situação de voyeurisme” público ( ou no tal aproveitamento político de que falei anteriormente ).
O caso do roubo dos paióis de Tancos continua em segredo de justiça. Não tenho dúvidas que viremos a conhecer culpados e circunstâncias. E uma vez que medidas impeditivas de repetição do caso foram tomadas, há que ter paciência e aguardar os resultados das investigações.
O caso das mortes por legionela está a seguir o seu curso e também não tenho dúvidas que viremos a conhecer os pormenores relevantes. Devo dizer o que aprendi nos meus tempos de vida fabril, na década de 90 do século passado : a prevenção e o controlo sistemático e regular das instalações são fundamentais.
Sobre o assunto da mudança do Infarmed para o Porto, no debate quinzenal de 6/12/2017 o 1º Ministro deu as explicações que lhe foram pedidas.
 A propósito do que se passou no debate quinzenal, o que deveremos pensar da pouca importância que foi dada aos progressos anunciados pelo 1º Ministro no combate à pobreza e às desigualdades dos portugueses ? Talvez que as boas notícias não vendem jornais, ou não interessam às oposições.
É interessante a preocupação (?) que os partidos da direita têm revelado pelo funcionamento dos serviços públicos de educação, saúde e transportes. Sobre isto, também teria sido interessante e salutar se tivessem tido a mesma preocupação quando formaram governo, em vez de terem praticado uma política de desinvestimento. Como os economistas dizem, os prejuízos resultantes de períodos de crise económica são rápidos a ocorrer mas o retorno à situação inicial é lento. Portugal está a recuperar, mas vai levar tempo
Um acontecimento que levantou celeuma nos MCS ( e nas oposições ) foi o que passou em Aveiro com a audição pelo governo de 50 pessoas,  escolhidas aleatoriamente para o efeito por uma empresa de sondagens. Os MCS  da rádio e da tv que passam grande parte do tempo a escutar a opinião de pessoas que querem comunicar os seus pontos de vista, acharam mal que o governo tivesse feito o mesmo ! Mais uma vez o mal da inveja ?
Houve acusações contra o governo de manipulação de opinião, de pagamento aos intervenientes, etc. Pelo que ouvi e li, a escolha não recaiu sobre militantes ou simpatizantes do PS, embora lá pudessem estar alguns, mas feita a partir dum universo  de pessoas de todo o país por critérios definidos pela empresa de sondagens.
E que garantias dão os programas ao escutar os ouvintes ou espectadores que não existe conluio, através das redes sociais, entre as pessoas que aparecem a falar ?

 E para finalizar este texto, vou dizer duma forma muito sintética o que penso de eventuais alianças que venham a ser necessárias ao PS para formar governo : acordos à esquerda favorecerão sempre os mais desamparados da fortuna ; acordos à direita favorecerão mais as empresas e os que vivem melhor ( e por tabela, se a economia estiver muito florescente, talvez ajudem os que vivem pior ). Portanto, e a bem da coesão nacional, parece-me preferível acordos à esquerda.
Mas a tendência para reduzir o défice público a zero e diminuir a dívida soberana não pode parar.
Voltando a parafrasear D. João V, como já fiz em anteriores textos, só quem não deve não teme


Lisboa, 8 de Dezembro de 2017


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