DOIS ANOS DO
GOVERNO DE ANTÓNIO COSTA
Por ocasião
da passagem de 2 anos do governo de António Costa, a maior parte dos portugueses
tem razão para estar optimista e para se sentir mais aliviada do ponto de vista
das suas contas pessoais. Por outro lado, as oposições e os meios de
comunicação social ( MCS) que as apoiam continuam com o processo de formação do presente governo entalado na
garganta e invejosos dos sucessos alcançados.
Sobre o modo
como o governo se formou, continuam a dizer que tendo sido o PSD o partido mais
votado, deveria ter sido este o escolhido para governar. Esquecem-se que na
nossa democracia os governos dependem do povo, através da vontade do Parlamento
e do Presidente da República. Em relação a isto, ser ou não ser o partido mais
votado é secundário. Inequivocamente o Parlamento rejeitou a continuação do
mandato do PSD+CDS e aprovou a constituição dum governo do PS. E o Presidente
da República ratificou. Há alguma
ilegalidade ou imoralidade nisto ? Certamente que não.
Em face dos
sucessos nacionais e internacionais alcançados pelo governo, a estratégia das
oposições e dos MCS que lhe são afectos passou a ser baseada, por um lado, na
exploração das divergências ideológicas que existem entre os partidos que
apoiam o governo e por outro na utilização das tragédias que aconteceram ( os incêndios
), na preocupação ( na minha opinião hipócrita ) com o funcionamento dos
serviços públicos e com o tratamento de algumas ocorrências nacionais.
Falemos um
pouco mais destes temas.
Nunca foi
negado que havia divergências entre o PS e os partidos à sua esquerda no que
respeita às posições face à UE, ao euro e à OTAN. Isso porem não foi impeditivo
de se conseguir os consensos necessários à reposição de situações que tinham
sido muito prejudicadas durante o período da troika pelo governo PSD+CDS. E
assim deverá continuar a ser.
No meu
entender, mais importante para os partidos políticos que obter vitórias
ideológicas deve ser conseguir o progresso de toda a população no caminho da
eliminação da pobreza, da redução das desigualdades económico-sociais, da mais
justa distribuição da riqueza, da igualdade de oportunidades para todos, da
melhoria do estado social ( educação, saúde, protecção social ).
( Neste
ponto sinto que estou a repetir ideias que já exprimi, mas não posso deixar de
o fazer uma vez que as oposições e os MCS afectos continuam também
repetitivamente a preocupar-se com o oposto – e não podem ficar sem resposta ).
Quanto aos
incêndios, levantou-se recentemente a polémica sobre se deveriam ou não ser
divulgadas as circunstâncias e o sofrimento associados à morte de cada uma das
vítimas. O assunto é sem dúvida delicado e no meu entender a revelação de cada
caso só deveria ser feito mediante
autorização dos respectivos familiares, sem pressões de qualquer lado, e às
pessoas ou entidades a quem compete tomar medidas. Caso contrário caímos numa
situação de voyeurisme” público ( ou no
tal aproveitamento político de que falei anteriormente ).
O caso do
roubo dos paióis de Tancos continua em segredo de justiça. Não tenho dúvidas
que viremos a conhecer culpados e circunstâncias. E uma vez que medidas
impeditivas de repetição do caso foram tomadas, há que ter paciência e aguardar
os resultados das investigações.
O caso das
mortes por legionela está a seguir o seu curso e também não tenho dúvidas que
viremos a conhecer os pormenores relevantes. Devo dizer o que aprendi nos meus tempos
de vida fabril, na década de 90 do século passado : a prevenção e o controlo
sistemático e regular das instalações são fundamentais.
Sobre o
assunto da mudança do Infarmed para o Porto, no debate quinzenal de 6/12/2017 o
1º Ministro deu as explicações que lhe foram pedidas.
A propósito do que se passou no debate
quinzenal, o que deveremos pensar da pouca importância que foi dada aos
progressos anunciados pelo 1º Ministro no combate à pobreza e às desigualdades
dos portugueses ? Talvez que as boas notícias não vendem jornais, ou não
interessam às oposições.
É
interessante a preocupação (?) que os partidos da direita têm revelado pelo
funcionamento dos serviços públicos de educação, saúde e transportes. Sobre
isto, também teria sido interessante e salutar se tivessem tido a mesma
preocupação quando formaram governo, em vez de terem praticado uma política de
desinvestimento. Como os economistas dizem, os prejuízos resultantes de períodos
de crise económica são rápidos a ocorrer mas o retorno à situação inicial é
lento. Portugal está a recuperar, mas vai levar tempo
Um
acontecimento que levantou celeuma nos MCS ( e nas oposições ) foi o que passou
em Aveiro com a audição pelo governo de 50 pessoas, escolhidas aleatoriamente para o efeito por
uma empresa de sondagens. Os MCS da
rádio e da tv que passam grande parte do tempo a escutar a opinião de pessoas
que querem comunicar os seus pontos de vista, acharam mal que o governo tivesse
feito o mesmo ! Mais uma vez o mal da inveja ?
Houve
acusações contra o governo de manipulação de opinião, de pagamento aos
intervenientes, etc. Pelo que ouvi e li, a escolha não recaiu sobre militantes
ou simpatizantes do PS, embora lá pudessem estar alguns, mas feita a partir dum
universo de pessoas de todo o país por
critérios definidos pela empresa de sondagens.
E que
garantias dão os programas ao escutar os ouvintes ou espectadores que não existe
conluio, através das redes sociais, entre as pessoas que aparecem a falar ?
E para finalizar este texto, vou dizer duma
forma muito sintética o que penso de eventuais alianças que venham a ser
necessárias ao PS para formar governo : acordos à esquerda favorecerão sempre
os mais desamparados da fortuna ; acordos à direita favorecerão mais as
empresas e os que vivem melhor ( e por tabela, se a economia estiver muito
florescente, talvez ajudem os que vivem pior ). Portanto, e a bem da coesão
nacional, parece-me preferível acordos à esquerda.
Mas a
tendência para reduzir o défice público a zero e diminuir a dívida soberana não
pode parar.
Voltando a
parafrasear D. João V, como já fiz em anteriores textos, só quem não deve não
teme
Lisboa, 8 de
Dezembro de 2017
Sem comentários:
Enviar um comentário