Em 1954, o
professor de Química Geral do IST, Prof. Eng. Francisco de Magalhães
Ilharco, já falecido, ensinava que era preciso procurar fontes alternativas de
energia ( eólica, hídrica, das ondas,
das marés, solar ) pois o petróleo bruto não duraria sempre. Hoje sabe-se que a
abundância de petróleo é muito maior do que se supunha anteriormente, mas que
outros motivos ligados às condições de vida no nosso planeta tornam necessário
utilizar cada vez mais as energias alternativas em detrimento do outrora chamado
“ouro negro” . Porem, no estado actual da tecnologia, o petróleo é
indispensável como matéria prima para a indústria petroquímica, responsável
pela existência de miríades de objectos e instrumentos de utilização corrente.
Vem esta introdução a propósito da proibição feita por
um tribunal de Loulé, no seguimento duma providência cautelar interposta por activistas ambientais, de ser iniciada a
pesquisa de petróleo no mar, ao largo de Aljezur. Um dos argumentos dos
activistas é o de que não foi feito um estudo de impacto ambiental. O Governo
considera importante saber se existe petróleo em condições de exploração para
termos esse trunfo na mão em caso de necessidade e que será feito o estudo de
impacto ambiental se houver petróleo e antes dum eventual início de exploração.
Eu penso que a posição do Governo é sensata porque :
i) Apesar dos avanços no campo das energias renováveis
e da tecnologia, o petróleo vais ser necessário durante muitos anos
ii) Com a confusão que reina no mundo, não será
difícil imaginar circunstâncias em que a escassez de fornecimento ao nosso país
aconteça ou que o preço atinja valores incomportáveis. Tendo fontes locais de
abastecimento, aqueles perigos são minimizados.
iii) Com o desenvolvimento das tecnologias de
prospecção e os cuidados ambientais obrigatórios, os perigos de acidente são
mínimos
iv) Existe um contrato assinado pelo anterior governo
com o consórcio Galp+ENI para a dita exploração, o qual para ser resolvido
traria certamente custos ao erário público.
Há diferença entre saber que existe petróleo e
explora-lo. Avançar com uma eventual exploração, na minha opinião, só em caso
de emergência ou se um estudo ambiental rigoroso mostrar que não existe perigo para
o ambiente, nem sequer perigo para o turismo na costa vicentina ou algarvia.
No que
respeita a metas ambientais, com ou sem petróleo, Portugal tem obrigação de
cumprir o que foi acordado em Paris e com os parceiros da União Europeia
Como é sabido, o Reino Unido e a Noruega têm
prospecção e exploração de petróleo ao largo das suas costas e não me consta
que sejam países para os quais a defesa do ambiente não interessa. Isto para concluir
que existem hoje em dia tecnologias bastante seguras.
Certamente os nossos ambientalistas, apesar das suas
preocupações vão continuar a andar em carros movidos a gasolina ou gasóleo, a
viajar de avião a jacto durante mais alguns anos…
Lisboa, 18 de Agosto de 2018
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