segunda-feira, 20 de agosto de 2018


NO RESCALDO DAS NOTÍCIAS SOBRE O INCÊNDIO DE MONCHIQUE

 
Na semana que se seguiu ao fim do incêndio na serra de Monchique, pulularam nos meios de comunicação social as opiniões, críticas, conselhos sobre o assunto.    Lentes, doutores, drs., professores, técnicos teóricos e práticos, directores de jornais, jornalistas, economistas, ignorantes, populares, etc. deram  a sua opinião, em geral criticando a actuação das chefias, próximas e distantes até ao mais alto nível, dos combatentes do fogo  e também obviamente o governo. Houve alguns dos críticos que vestiram a pele de moralistas, atacando as palavras do 1º Ministro por este manifestar satisfação por num incêndio daquela dimensão não ter havido mortos. Como se pode manifestar satisfação, perguntam os críticos, se embora não tendo havido mortos, arderam 28,500 há, ficaram destruídas 50 casas, sendo 12 de 1ª habitação e houve 41 feridos ( 22 bombeiros ) ? Responderei eu, duma forma simplista: para quem preza mais a vida humana que os bens materiais, o combate ao incêndio correu bem ;  para quem preza mais os bens materiais que a vida humana, o combate ao incêndio correu mal
                                                                                                                                                                                        Houve também queixas de que os militares da GNR encarregados de retirar pessoas dos locais de perigo foram algumas vezes bruscos. As pessoas queriam ficar a defender as suas casas e não as deixaram! Com as emoções à flor da pele por causa dos acontecimentos é natural que os proprietários medissem mal o perigo que iriam correr e pensassem que conseguiriam dominar as circunstâncias . Porem os militares tinham as suas ordens e não poderiam deixar ficar ninguém para trás. Na aflição do momento, talvez se tenham esquecido de “pedir por favor”, mas acho que cumpriram as suas obrigações e que as populações devem estar agradecidas
Não tenho conhecimentos para avaliar se dos pontos de vista táctico e estratégico o ataque ao fogo foi bem ao mal conduzido. Pelo leitura dos jornais não faltaram meios ( segundo alguns até houve meios a mais ). Também não ouvi referências que as recomendações da Comissão Técnica Independente não tivessem sido seguidas. Nem sequer, pasmem, li comentários sobre dificuldades nas comunicações . Será que o SIRESP funcionou bem ? Para não ser notícia, certamente que correspondeu às necessidades !                                                                          
Por outro lado, os proprietários das matas cumpriram as obrigações de prevenção que deviam ? Os donos das casas que arderam tinham seguro contra incêndio ?                                                              

Para ter resposta a estas questões vou esperar por novo relatório da CTI sobre o combate ao grande incêndio de Monchique.

Mais uma reflexão : será que os criticaram o modo como foi conduzido o combate teriam feito melhor se estivessem no comando ? É praticamente impossível saber-se , mas que quase todos os portugueses são “treinadores de bancada” não tenho dúvida.
 
Lisboa, 20 de Agosto de 2018
 

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