terça-feira, 2 de outubro de 2018

SOBRE O CHAMADO CASO SERRALVES

Todos sabemos que a moral e os costumes dependem dos valores das sociedades e dentro de cada sociedade evoluem ao longo dos tempos. Hoje em dia o que é aceitável numa sociedade primitiva, pode não ser aceitável numa sociedade dita ocidental. A aceitação do que acontecia na civilização romana foi totalmente modificada quando o cristianismo impôs os seus padrões de comportamento. E mesmo dentro do cristianismo a evolução tem sido grande. Tanto no campo da moral sexual como no campo da justiça. Hoje em dia, por exemplo, na nossa sociedade é impensável assistirmos a cruéis execuções públicas como eram os autos de fé. Analogamente aquilo que é aconselhável ou desaconselhável aos não-adultos, para efeitos de evitar exemplos nocivos à sua formação também tem variado ao longo dos tempos. Por isso, na nossa sociedade existe uma classificação etária dos espectáculos públicos e mesmos os operadores de TV fazem recomendações a este respeito Passando ao chamado caso de Serralves. Não vi a exposição do fotógrafo americano presente no museu, mas tenho acompanhado as inúmeras notícias, os comentários, etc. sobre uma eventual censura por parte da Administração da Fundação a algumas fotografias consideradas de arte . Esta eventual censura causou a auto demissão do Director Artístico da instituição, que assim sem dúvida se publicitou largamente. Note-se que não estou a insinuar que fosse essa intenção, estou apenas a anotar um facto. Das notícias concluí que a eventual censura foi a colocação num sítio reservado a adultas de fotos de sado-masoquismo o e outras também de cariz sexual explícito. Tem justificação a reserva ? Penso que sim, pois embora diga respeito aos pais ou tutores decidir o que os seus educandos podem ver, o grosso da exposição está aberto a menores não acompanhados e portanto acho justificável que um funcionário da casa ( não sei se é assim que se passa ) impeça a visita ao dito local reservado de menores não acompanhados. Não sei se o demissionário Director Artístico é também uma autoridade em educação de jovens para poder dar opinião sobre a possibilidade de estes verem as tais fotos. Mas se desejava realmente que os jovens as pudessem ver, o que teria de fazer não era demitir-se, mas sim pôr uma providência cautelar em tribunal (?), Desta forma poderia ter conseguido algum resultado, da outra não conseguiu! Foi prestado um mau serviço a Serralves Vou prosseguir o assunto, fazendo algumas perguntas ( que alguns considerarão provocantes mas que traduzem uma certa perplexidade da minha parte ), a partir da hipótese de, num determinado local, estar em exposição uma série de fotos de sexo sado-masoquista explícito, sem indicação dos autores: 1.Será fácil, difícil, ou sequer possível para os artistas, os críticos, os entendidos, que observarem a série de fotos determinar quais são as artísticas e as pornográficas ? 2. Haveria divisão de opiniões ou consenso se as fotos fossem apreciadas individualmente, sendo as opiniões expressas sem discussão ? 3. E se o assunto fosse discutido, chegariam a consenso ? 4. Se no final a classificação duma foto como pornográfica levasse a que o autor, diplomado pela Academia de Fotografia XYZ, dissesse : “eu sou um artista e portanto a minha foto é arte “, o autor teria razão ? 5. Ou seja, podem os autores determinar se as suas obras são arte ? Será que algum dos meus Amigos tem resposta para estas perguntas ? Lisboa, 2 de Outubro de 2018

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