segunda-feira, 11 de setembro de 2017

ANTÓNIO COSTA PRECISA MESMO DO PCP?


Num artigo publicado no "Expresso" de 9 de Setembro de 2017, o Sr. Miguel Sousa Tavares pergunta :

- António Costa precisa mesmo do PCP ?

Pensando que, à boa maneira das sabatinas jesuíticas, a uma pergunta se responde com outra pergunta ( ou duas ), à pergunta de MST, pode retorquir-se :

- E os Srs. Churchill e Roosevelt precisavam do Sr. Estaline ?

- E o Sr. Estaline precisava dos Srs. Churchill e Roosevelt ?
 
Como é sabido, durante a 2ª guerra mundial, o Reino Unido, os EUA e a URSS viram-se na necessidade de se aliarem para poder derrotar a Alemanha Nazi. Foi uma aliança ditada pelo instinto de sobrevivência e não por comunhão de ideias e de valores políticos e económicos. Contra um mal maior, um mal menor. Pouco tempo depois da derrota da Alemanha, as divergências entre as democracias ocidentais e a URSS tornaram-se inultrapassáveis e assistiu-se à criação de 2 blocos fortemente armados, o Ocidental e o Oriental. Dado o potencial bélico em presença, os dois blocos, cada um com o sua organização militar, nunca chegaram a vias de facto dum forma quente , não passando duma feroz luta ideológica, a guerra fria com cada um deles refreando-se de entrar directamente na esfera de influência do outro.

Podemos dizer que a aliança entre países de regimes diferentes, dois tipicamente capitalistas e um comunista, teve a grande vantagem de abreviar a derrota da Alemanha e assim poupar milhares ou milhões de vidas.
 
Duma forma semelhante, a aliança entre o Partido Socialista e os partidos à sua esquerda, o Partido Comunista, o Bloco de Esquerda e o Partido Ecologista os Verdes, foi necessária para afastar o bloco das direitas ( PSD+CDS) do governo, pondo fim a um programa político, baseado na ideologia própria e na intervenção da Troika ( Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia )  - intervenção esta que foi resultado da dificuldade do Governo Português conseguir empréstimos de dinheiro a juros aceitáveis . Esse programa teve duas vertentes más para Portugal : a privatização de empresas públicas lucrativas e a austeridade. A austeridade não atingiu todos os portugueses de igual modo, mas sobretudo as classes menos favorecidas, a classe média baixa , os reformados, os desempregados, pois baseou-se em cortes nos vencimentos dos funcionários do Estado, das pensões, num colossal aumento de impostos ( nas palavras do Ministro das Finanças que o anunciou ),, na redução dos benefícios sociais, na deterioração dos serviços públicos.

 Portanto a resposta  à pergunta de  MST  é SIM .

O PCP, o BE e o PEV são necessários para manter a direita afastada do governo e permitir a recuperação da economia, a recuperação dos rendimentos das famílias e a diminuição das desigualdades. 

 NOTA: o PCP tem uma ideia sobre a vida económica e a propriedade dos meios de produção muito diferente da maioria das pessoas, mas a sua luta pela melhoria dos salários e das condições de vida dos trabalhadores é muito útil como contra-ponto às políticas económicas neo-liberais ( muito diferentes das políticas sociais-democráticas que foram o apanágio das democracias europeias no pós-guerra ) que pretendem a liberalização do mercado do trabalho, a facilidade dos despedi-
mentos, o fim das contratações colectivas. Que pretendem, em suma, desproteger o interlocutor mais fraco no diálogo patrão-trabalhador, ou seja, o trabalhador.

É preciso não esquecer que a produtividade não se consegue com salários baixos e mais horas de trabalho, mas com boa tecnologia, boa organização do trabalho, boa gestão de recursos e motivação do pessoal

 

 

 

 

 

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