quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

COMENTÁRIOS À ELEIÇÃO LEGISLATIVA DE 2022

As eleições legislativas de 2019 e 2022 originaram os seguintes resultados: PARTIDOS 2019 2022 PS 108 117 PSD 79 76 (*) BE 19 5 CDU 12 6 PAN 5 1 CHEGA 11 12 IL 1 8 LIVRE 1 1 CDS-PP 5 0 (*) Destes 76, 3 foram eleitos na Madeira pela coligação PSD-CDS e 2 nos Açores pela coligação PSD-CDS-PPM O Partido Socialista obteve a maioria absoluta, como inicialmente na campanha eleitoral o seu Secretário Geral, António Costa, pediu de forma explícita e nos últimos dias de forma implícita (uma maioria que permitisse governar com estabilidade). O primeiro comentário aos resultados diz respeito às sondagens sobre as intenções de voto que começaram por dar uma maioria relativa razoável ao PS ( dez pontos percentuais de vantagem sobre o PSD) e terminaram com um empate técnico entre os dois partidos. Os responsáveis pelas sondagens e os habituais comenta- dores, na minha opinião, não lograram dar uma explicação satisfatória para o caso. O melhor que conse- guiram foi dizer que as sondagens representam a opinião das pessoas naquele momento mas não no momento em que vão votar. Certo. Mas sendo assim, o problema que se põe é se podemos confiar nelas. Lembremo-nos do que se passou com eleições autárquicas em Lisboa. As razões para este resultado, que surpreendeu pratica- mente toda a gente ( não sei se o próprio António Costa) podem ser as seguintes: - os eleitores reconheceram que o Governo do PS, no difícil período da pandemia, tinha feito o que era possível proteger as pessoas e as empresas das dificuldades que atravessavam e portanto tinha ganho crédito suficiente para promover a recuperação pós-pandémica; - o que tinha sido prometido, de imediato, para os mais necessitados, no orçamento de estado chumbado, era suficientemente atractivo para valer um voto; - a ideia de primeiro desenvolver primeiro o país para, depois e em consequência as pessoas melhorarem não pareceu credível para resolver problemas urgentes, ou por outras palavras, só pode esperar quem não nem necessidades inadiáveis; - os dirigentes do BE e da CDU não souberam, ou não quiseram, avaliar devidamente os sentimentos dos que neles tinha votado anteriormente; - entre os eleitores há, felizmente, mais solidários que egoístas. Depois da vitória, há que governar de forma a satisfazer as expectativas e as necessidades das pessoas. Não basta desenvolver o País, não basta subir degraus na classificação do campeonato estatístico de quem tem melhor PIB por habitante ou aproximarmo-nos da média europeia : é necessário que os resultados do crescimento favoreçam principalmente os que mais precisam. Aumentar os rendimentos per capita de forma a que os que têm mais fiquem com mais e os que têm menos fiquem na mesma ou pouco melhorem não interessa. Será mesmo prejudicial pois vai ampliar sentimentos de injustiça social, de rejeição, de falta de confiança na solidariedade e na democracia. e alimentar as hostes dos partidos anti democráticos. Quando 2 pessoas têm 2 frangos e uma delas come os 2, as estatísticas dizem que em média cada um comeu 1 frango, mas na realidade 1 comeu tudo e o outro comeu nada… Terão ficado os 2 satisfeitos? Lisboa, 8 de Fevereiro de 2022

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