segunda-feira, 23 de agosto de 2021

JOGOS NOLÍMPICOS DE TÓQUIO 2021- ALGUNS COMENTÁRIOS

Quanto mais populoso for um país, maior será a possibilidade de encontrar talentos para o Desporto. E também quanto maior for o investimento feito, maiores serão as hipóteses de os talentos passarem de potenciais a reais. Usando a “ tabela de investimento público no Desporto em 2019 nos países da EU” publicada no Expresso de 6 de Agosto de 2021 em países com populações semelhantes às de Portugal (+/- 50 %) e as medalhas obtidas é possível construir o seguinte quadro: PAÍS POPULAÇÃO INVESTIMENTO MEDALHAS EM ILHÕES PER CAPITA CONSEGUIDAS SUÉCIA 10,1 267,2 9 FINLÂNDIA 5,5 248,1 2 HOLANDA 17,1 216,8 36 DINAMARCA 5,8 209,1 11 BÉLGICA 11,6 166,8 7 HUNGRIA 9,7 163,7 20 AUSTRIA 9 124 7 CHÉQUIA 10,7 96,7 20 GRÉCIA 10,4 72,9 4 PORTUGAL 10,2 68,7 4 IRLANDA 4,9 67,3 4 CROÁCIA 4,1 43,9 8 ESLOVÁQUIA 5,5 40 4 ROMÉNIA 19,2 34,1 4 BULGÁRIA 6,9 12 6 Antes de tentar tirar qualquer conclusão daquele quadro, vejamos outros dados que se podem tirar do Relatório Special Eurobarometer 472 ( 2017 ) do EUROSTAT ( não há relatório mais recente PERCENTAGEM DA POPULAÇÃO QUE NUNCA FAZ EXERCÍCIO FÍSICO OU PRATICA DESPORTO SUÉCIA 15 % FINLÂNDIA 13 HOLANDA 31 DINAMARCA 30 BÉLGICA 29 HUNGRIA 53 AUSTRIA 40 CHÉQUIA 41 GRÉCIA 68 PORTUGAL 68 IRLANDA 34 CROÁCIA Não dispon ESLOVÁQUIA 49 ROMÉNIA 63 BULGÁRIA 68 Portanto, o investimento per capita em desporto feito pela Suécia, Finlândia , Dinamarca e Bélgica pode não ter originada muitas medalhas olímpicas, mas tem um reflexo, na minha opinião, muito mais importante : a percentagem da população que pratica exercício físico ou faz desporto. E isto é muito relevante em termos de saúde pública e mesmo de bem estar pessoal. Nesta comparação, Portugal está francamente mal colocado A Hungria e a Áustria gastam verbas superiores à média da EU (119,4 € ) segundo a mesma fonte) mas com menos reflexos na população Consultando o relatório do INE “Desporto em Números 2020”, vê-se que em 2019 a percentagem da população que não fez actividade física nem praticou desporto foi de 65,6 %, uma pequena melhoria em relação ao que está escrito no relatório do Eurostat de 2017. Parece pertinente concluir que o dinheiro público gasto em Portugal no Desporto, permitiu que a conquista de trofeus olímpicos se equiparasse razoavelmente com os outros países da UE com população semelhante, mas não conseguiu que uma larga maioria de cidadãos com 15 ou mais anos de idade tivesse actividade física ou praticasse desporto. Parece obrigatório, pois, haver uma grande discussão publica sobre se deveria ser dada mais atenção ao desporto para todos, em detrimento da alta competição, ou se o caminho percorrido até agora está correcto . Será fácil dizer : gastamos pouco em Desporto, deveríamos gastar mais. Mas há mais dinheiro para gastar mais, francamente mais, por um lado com a alta competição, e por outro em programas de sensibilização das pessoas de todas as idades e condições para a prática do desporto, no aumento de infra estruturas e dos meios humanos para que os novos convencidos à prática do desporto o possam fazer com facilidade , sem deixar para trás outras despesas que a maioria das pessoas reclama como urgentes e necessárias? É uma pergunta que não pode deixar de se pôr Na minha opinião: entre desporto para todos e desporto para as medalhas, é preferível o desporto para todos. E as autarquias têm o principal papel neste assunto. Lisboa, 22 de Agosto de 2021

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